domingo, 30 de março de 2008

Porquês

Porquês
Cris Sousil 08/04/99

Por que eu tenho que estar aqui
E você aí,
Jogados em cantos distintos do universo
Se comunicando em versos
Quem caminham sem malas
E sem asas?
Por que eu não posso te olhar
E com os olhos nadando num lagrimoso mar
Pedir um abraço
Um beijo, um afago,
Um ponto final
Ao que vai mal?
Por que eu sinto
Mas, te ver, não consigo
E estendo os braços
E só acaricio os traços
Expostos no vento
Feito um lamento?
Por que eu não posso beber de tua comida
E comer de tua bebida,
Me queimar em teu corpo
Dormir em teu fogo,
Protegida contra o inverno
Aquecida contra o inferno?
Por que não posso te encontrar
Te dar um beijo e contar
Sobre o meu dia monótono
Que eu quase caio da moto
Chorei para não ir ao trabalho
Pois tive frio sem teu agasalho
Por que eu não posso chover
Deitada em teu colo
Liberta de qualquer questionário
E dois minutos depois sorrir
Pela dádiva de tê-lo junto a mim
Por que não podemos passear
De mãos dadas sobre o luar
Caminhar pela beira do mar escuro
Comunicando-nos completamente mudos
Desnudos e únicos
Nesse colorido mundo
Por que não posso escrever para você ler
E não posso ouvir você tocar?
Por que não podemos fugir
Dessa tempestade sem fim?
Acolhermo-nos numa cabana
Amarmo-nos mesmo sem cama
Dobrarmos o lençol
Para estendermo-nos ao sol?

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