domingo, 30 de março de 2008

Adeus

Adeus
Cris Sousil 17/06/99

Adeus
Só vim pra isso
Nem teu sorriso
Nem teus olhos claros
Nem teu abraço caro
Vão me algemar
Adeus
Bebi mais lua que sol
Mais chuva que sol
Adeus
Cansei
Mendiga de um olhar
Faminta de um “olá”
Escrava de teus gestos
Fui abortando o feto
Adeus
Teu mundo, meu fundo
Meu rumo, teu luto
Adeus
Toco-te e não te alcanço
Olha-me e não me encontra
Eterna gangorra
Quando sou céu, você é a terra
Quando você é a paz, eu sou a guerra
Adeus
Não pergunte se estou bem
Dessa vez vou além da refém
Adeus
Antes que nossa ponte,
Nosso monte, nossa fonte
Espalhar-se em pó
Desfaço o nó
Sigo inteira, sigo só
Adeus
Quis o nome, não o pseudônimo
Quis o homem, humano, anônimo
Adeus
Não, eu não direi o adeus
Veja, uma vez, nos olhos meus
Não, eu não direi à Deus
Ele já reconheceu
Nesse amor fez-se ateu
Adeus
Vim buscar tuas últimas palavras
Descarregar as mágoas da mala
Adeus
Amei o humano, não o mito
Não idolatrei, ofereci abrigo
Talvez por isso
Adeus miragem
Adeus passagem
Adeus, eu grito
À Deus suplico
Ah... Deus!

Nenhum comentário: